terça-feira, 3 de junho de 2008

HORTOS MUNICIPAIS: UMA NECESSIDADE

HORTOS MUNICIPAIS: UMA NECESSIDADE


Robério Márcio Martins Neves
Engenheiro Agrônomo, M. Sc.
Mestre em Agricultura de Sequeiro


Em nossa região, que é predominantemente quente e seca na maior parte do ano, a arborização, tanto urbana como rural, é de fundamental importância, visto que as árvores desempenham papéis que resultam em benefícios para a natureza e para o homem, como reguladoras do clima – fazendo com que a temperatura suba menos durante o dia e baixe menos durante a noite -, além de purificar o ar, absorvendo gás carbônico e expelindo oxigênio, fornecendo sombra e embelezando as cidades, vilas e povoados.
Em face da importância da arborização para a nossa Região, é que vimos a necessidade das Prefeituras Municipais instalarem viveiros de mudas e sementes, com o objetivo de suprir as carências dos Municípios, em relação à arborização de ruas, praças, parques e jardins, além de matas ciliares e redor de lagoas, tanques etc., e, também, atender a outros tipos de demandas regionais, por parte de escolas, cooperativas, associações, agricultores e população em geral.
Atualmente os Municípios buscam mudas e sementes junto a Hortos Florestais de outros municípios maiores ou da Secretaria da Agricultura que, apesar de grandes e estruturados, não produzem mudas e sementes em quantidades suficientes.
Sentindo a necessidade da produção de mudas e sementes por parte das próprias Prefeituras, para utilização tanto na zona urbana como na zona rural, é que sugerimos às Prefeituras Municipais desta Região, a instalação e a condução desses Hortos Florestais em moldes que não gastem muito dinheiro nem são feitos convênios. Um termo de colaboração ou de ajuste com a Secretaria da Agricultura, através de seus órgãos representativos nos municípios é o suficiente. A Secretaria da Agricultura faz o treinamento do pessoal e cuida da instalação do Horto Municipal. A Prefeitura entra com o terreno, um supervisor, os operários, o material etc. A assistência técnica pode ser prestada por algum órgão dos que atuam nos municípios ou mesmo através dos técnicos da Prefeitura.
Com o desenvolvimento dos trabalhos, pode-se criar uma Bolsa de Sementes, que funcionará de maneira informal: determinado município recolhe as sementes das árvores dominantes naquela Região, fica com a quantidade que precisa e encaminha o excedente para outros municípios. Também poderão participar da bolsa, fornecendo e recebendo sementes, produtores particulares e outros órgãos como cooperativas, associações, escolas técnicas etc. O que irá contar não é o tipo de fornecedor nem de recebedor, mas a produção de sementes, que é um material escasso. Há, ainda, os Hortos Industriais que são grandes compradores de sementes (indústrias de celulose, de tanino etc.) e os produtores poderão ganhar um bom dinheiro.
Para a instalação de um Horto Florestal Municipal, a área mínima exigida é de 1,0 hectare, para garantir a produção de cerca de 50 mil mudas/ano, que deverá ser a demanda de cada município. O terreno precisa ter boa insolação e, principalmente, boa aguada. A boa água é fundamental para a formação das mudas. Também é necessário um pequeno galpão para a guarda de ferramentas e para o trabalho em dias chuvosos. A área deve ser cercada, para evitar a entrada de animais, e ter um quebra-vento na direção dos ventos dominantes no local. Dois a três operários bastam para dar um bom andamento do serviço.
O trabalho de produção de mudas começa com o preparo da terra, a definição dos canteiros e o combate às formigas. Depois vem a semeadura dos canteiros e, noutra época, faz-se o enchimento das embalagens. A transferência das mudas das sementeiras (canteiros) para as embalagens, chama-se repicagem e é feita quando a plantinha já tiver cerca de três folhas definitivas, para um melhor pegamento. Recomenda-se o plantio das sementes com intervalo de quinze dias, para que, quando chegar a hora da repicagem, esta possa ser efetuada de modo escalonado.
O fundamental, no trabalho de formação de mudas, tanto de plantas para arborização como para frutíferas e floríferas, é a prática dos operários. Isto porque a viveiragem é um trabalho artesanal e seqüencial.
Poder-se-á dizer que o recomendado aqui seja dispendioso e, talvez, inexeqüível para as Prefeituras menos ricas. Mas podemos garantir que o caro aqui, sairá barato, em face dos benefícios que proporcionarão a todos nós e às futuras gerações.

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